Bônus e salários elevados marcam processo seletivo da Latam em meio à escassez de pilotos
A Latam Airlines Brasil abriu um processo seletivo para contratar pilotos e copilotos que operarão a nova frota de Embraer 195-E2, prevista para chegar em 2026. A companhia oferece um bônus único de entrada de até R$ 160 mil para comandantes e R$ 80 mil para copilotos aprovados, em uma clara demonstração da disputa acirrada por profissionais qualificados na aviação.
Esse movimento acontece em um cenário delicado para o setor aéreo, marcado pela escassez global de pilotos experientes, altos custos de formação e aumento da demanda por voos. A Latam, que tem um pedido firme de 24 aeronaves do modelo Embraer E195-E2 – com opções para até 74 unidades –, projeta ampliar sua malha aérea, inclusive em pelo menos 63 aeroportos no Brasil até 2026.
A estratégia da Latam e o impacto do bônus
Para a formação das tripulações nesta nova etapa, a latam decidiu buscar profissionais externamente, pois não pretende transferir pilotos da frota atual para o Embraer E195-E2, um movimento que caracterizaria rebaixamento de categoria. A exceção fica para copilotos internos que rejeitarem promoções, pois nesses casos eles podem operar os novos aviões.
Nos bastidores, espera-se que muitos contratados venham de concorrentes como a Azul, conhecida por operar aviões da família Embraer. O processo seletivo, aberto desde 15 de dezembro e com inscrições até 4 de janeiro de 2026, exigirá experiência mínima rigorosa, como 5 mil horas de voo para comandantes, sendo 3 mil delas em aeronaves a jato, além de certificados e qualificações específicas.
Formação, mercado e desafios globais da profissão de piloto
Apesar de piloto ser atualmente a profissão mais desejada no mundo e no Brasil em 2024, conforme levantamento da plataforma Resume.io, o caminho até a cabine de comando ainda é longo e caro. Os custos de formação no Brasil podem chegar a centenas de milhares de reais, por conta das horas de voo e certificações exigidas, o que explica, em parte, a dificuldade global de suprir a demanda por pilotos.
Em nível global, a situação foi agravada por aposentadorias em massa e interrupções na formação causadas pela pandemia de Covid-19. Com o aumento do tráfego aéreo, especialmente em rotas de lazer, companhias aéreas passaram a oferecer salários maiores, bônus e benefícios para atrair profissionais, o que deve elevar os custos operacionais e influenciar o preço das passagens aéreas.
Expansão da frota e avanços tecnológicos
A incorporação do Embraer E195-E2 faz parte de um plano de expansão da Latam na América do Sul, com a expectativa de incluir até 35 novos destinos. A frota é avaliada em cerca de US$ 2,1 bilhões para o pedido firme de 24 aeronaves, destacando-se pela eficiência e modernidade. Equipadas com motores Pratt & Whitney GTF e sistemas de fly-by-wire, essas aeronaves promovem redução de até 30% no consumo de combustível por assento, uma evolução significativa para o setor.
Perspectivas para a carreira de piloto no Brasil
Segundo o CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, os investimentos na frota e nas equipes visam ampliar as oportunidades para profissionais que desejam uma carreira sólida e de longo prazo na aviação. A Latam, que atualmente conta com cerca de 2,3 mil pilotos e 5,2 mil comissários, vem aumentando suas contratações nos últimos anos em ritmo acelerado, refletindo o crescimento da oferta de voos e das operações.
Por fim, especialistas afirmam que equilibrar a oferta e demanda de pilotos exigirá milhares de novas contratações nos próximos anos, e que a atual estratégia de altas remunerações e bônus é um passo necessário, ainda que impacte os custos operacionais e a dinâmica do mercado aéreo brasileiro e mundial.
