É sabido que as empresas brasileiras estão cada vez mais se abrindo para certos mercados que há 20 anos eram vistos como arriscados de mais. No começo dos anos dois mil, por exemplo, ainda era tabu pra sociedade a menstruação, falar sobre sexo e até depressão, assuntos muito em alta hoje em dia. Os tempos agora são outros e precisamos nos atualizar. As universidades estão abrindo cada vez mais espaço para negros e índios, pois em momentos passados da história, o negro e o índio jamais teria nem sequer acesso ao ensino básico. Família não é apenas aquele casal do pote da margarina: pai, mãe, filho e filha. Às vezes família é só o casal, às vezes só a mãe e o filho, às vezes só o casal e um cachorro ou gato e nem sempre é um casal hétero, podendo ser um casal lésbico ou gay, por exemplo.
Se a sociedade está evoluindo, as empresas precisam ver o que está acontecendo e evoluir junto. Sim, muitas vezes é só interesse pelo capital, como por exemplo, as granjas que produzem frango e ovos, que também vendem hambúrguer vegetal para o público vegano/ vegetariano. Não é que essas empresas se importam com a causa animal, mas agora pessoas que não tinham opções mais saudáveis e tinham curiosidade em comer comida saborosa e vegetariana, agora podem consumir e gastar seu dinheiro sem precisar mudar de marca. Se as empresas não buscam outros nichos, uma hora elas serão trocadas por empresas que satisfazem seus consumidores.
Sua empresa está aberta para novos clientes? Ela precisa falar com esses clientes. Veja o exemplo de empresas que apoiam publicamente a causa LGBTQ. Elas sabem que a comunidade LGBT gasta muito com roupas, maquiagem, turismo, e etc. São R$ 418,9 bilhões no mercado brasileiro, quem vai querer perder esse dinheiro? Um marketing homofóbico ou funcionário homofóbico que constrangeu clientes gays, por exemplo, sofrerá boicote e o famoso Cancelamento da internet. E com a força que a internet tem nessa geração, ofender uma pessoa pelo seu gênero ou sexualidade, iria ofender toda uma comunidade e pessoas simpatizantes. Você não ia querer sua empresa na mira do cancelamento virtual.
Do mesmo jeito, esse boicote se aplica com quem ofende ou exclui mulheres, negros, portadores de deficiência (os PCDs), pessoas com nanismo, praticantes de religiões de matriz afro, muçulmanos e outros grupos que sejam discriminados por saírem do padrão branco europeu. Essas minorias não são minorias por causa da quantidade, mas sim porque elas não têm as mesmas oportunidades. Mulheres e negros são maioria na população brasileira, mas mulheres ocupam menos de 20% dos altos cargos nas grandes empresas e negros só 5%. E se for uma mulher negra, bem menos que isso.
Só é “vitimismo” e “mimimi” para quem vive dentro de uma bolha. Pessoas podem até viver numa bolha, mas empresas morrem se ficar dentro delas. Se você for pequeno e médio empresário, apoie causas sociais, estimule seus funcionários a visitarem instituições e abrigos de crianças ou idosos; se você for médio ou grande empresário abra vagas para pessoas transexuais na sua empresa, pois no mercado, poucas pessoas trans conseguem um emprego formal, devido o preconceito de quem contrata e a vergonha de quem se candidata. Imagine como é triste você ter que esconder seu gênero e mentir pra conseguir um emprego.
Comemore datas importantes para essas comunidades na sua empresa, como o dia do índio, do orgulho LGBT, dia da mulher, da consciência negra, etc. Aconselho procurar pessoas que entendam de inclusão e diversidade para ajudar o RH a implementar essas comemorações, pois muitas delas estão defasadas. O dia do índio é comemorado com tantos estereótipos e quase sem nenhuma menção ao quanto eles são perseguidos hoje em dia; no dia 8 de março, todas as colaboradoras ganham flores, mas quantas vezes sua empresa faz um dia de princesa com elas, com direito a massagem, maquiagem e palestras sobre relacionamentos abusivos. Sim! Já imaginou quantas funcionárias voltam pra casa e tem que fazer todas as tarefas de casa, arrumar, cozinhar, cuidar dos filhos sozinha, e ainda ter que conviver com um marido explorador, folgado e que ainda pode ser seu agressor? Quantos negros têm na sua empresa? Quantos LGBTs assumidos? Sua empresa está preparada para mostrar aos seus funcionários que eles são importantes ou vai ficar para trás?
No mercado de hoje, nutrir estereótipos e preconceitos podem ser o começo da falência de uma empresa. Então, sua empresa está pronta pra novos desafios ou terá o mesmo fim das locadoras de DVD que perderam mercado pro Streaming? A decisão é sua.