O uso de inteligência artificial já está mudando a publicidade e gerando debates sobre criatividade, custos e o futuro do mercado
Nos últimos meses, tem sido cada vez mais evidente que a inteligência artificial (IA) vem impactando de maneira significativa a publicidade global e brasileira. Empresas como a Coca-Cola estão utilizando essa tecnologia em suas campanhas tradicionais, buscando inovar e reduzir custos. Em 2025, a gigante de bebidas anunciou que usou intensivamente IA para criar sua tradicional campanha de Natal, o famoso comercial “Holidays Are Coming”. Embora o comercial tenha recebido críticas nas redes sociais por parecer “artificial” e por problemas de continuidade no design, a Coca-Cola acredita que essa estratégia é o caminho para uma produção mais eficiente e inovadora.
Segundo o CEO da companhia, James Quincey, a utilização de IA faz parte de uma reestruturação que visa aumentar a produtividade e explorar novas formas de conexão com o público. Em nota oficial, a Coca-Cola afirma que mantém seu compromisso com a tradição natalina, ao mesmo tempo em que busca integrar inovação e tecnologia às suas ações de marketing.
Adoção de IA por agências de publicidade no Brasil
Por outro lado, o mercado brasileiro apresenta um ritmo de adoção de IA bem mais lento. Uma pesquisa realizada pela consultoria KPMG, em parceria com Meio & Mensagem, publicada em julho de 2024, revelou que apenas 16% das agências de publicidade no Brasil estão em fase avançada de implementação de IA. A pesquisa mostra que a principal vantagem percebida é a melhora na eficiência operacional, citada por 82% dos respondentes, ao passo que apenas 20% acreditam que a IA pode aumentar a criatividade e inovação nas campanhas.
Essa diferença reflete que, apesar dos avanços tecnológicos globais, o mercado brasileiro ainda está se adaptando às novas ferramentas, com foco maior na automação de tarefas administrativas e operacionais do que na inovação criativa, pelo menos por enquanto.
A automação e o futuro do trabalho na era da IA
Enquanto as agências brasileiras ainda estão explorando a implementação da IA, estudos internacionais apontam que atividades que não exigem atuação física são as mais suscetíveis à automação. Como destacou uma pesquisa da McKinsey, 57% das horas de trabalho nos Estados Unidos relacionados a tarefas não físicas podem ser automatizadas com o uso de agentes inteligentes. Segundo o estudo, “tarefas que ocupam mais da metade das horas de trabalho atuais poderiam ser automatizadas, principalmente por agentes”. Entretanto, os autores reforçam que isso não significa que todos os empregos desapareceriam, mas que muitas tarefas mudariam, elevando o foco em habilidades mais complexas e socioemocionais.
Na categoria de trabalhos que dependem fortemente de habilidades humanas, como artes, design, entretenimento, esportes e mídia, o percentual de tarefas que requerem habilidades emocionais permanece alto, chegando a 40%, mesmo com a adoção plena da automação, indicando que muitas áreas continuarão a valorizar a atuação humana.
Por fim, os especialistas alertam que, embora a automação possa transformar o mercado de trabalho, a inovação na publicidade com uso de IA apresenta um caminho promissor para empresas que buscam eficiência, menor custo e inovação constante, fatores essenciais para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e tecnológico.

