Mulher é resgatada após 36 anos em situação análoga à escravidão no Recife: descaso e luta por justiça

Resgate de trabalhadora doméstica revela grave violação de direitos humanos no Recife

Um caso chocante de trabalho análogo à escravidão foi divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Uma mulher de 54 anos, que atuava como trabalhadora doméstica, foi resgatada após passar 36 anos em condição extremamente degradante do Recife, sem receber salário, com ferimentos nos pés e submetida a rígido controle e isolamento social.

A vítima, que em 1989, quando começou essa jornada, tinha 17 anos, viveu praticamente toda a vida adulta sem liberdade para sair, era alvo de constantes intimidações para não romper o vínculo com seus empregadores e ficou em situação de vulnerabilidade extrema. O resgate ocorreu em 7 de junho, e desde então a mulher está sob assistência social municipal e acolhida por seus familiares.

Jornadas exaustivas e ausência de remuneração por décadas

De acordo com o Ministério do Trabalho, a doméstica jamais recebeu qualquer remuneração durante os 36 anos de trabalho, sendo submetida ainda a uma jornada exaustiva, o que agrava a situação de exploração. Além disso, sua rotina diária era rigidamente controlada, inclusive quanto à sua circulação e interação social, configurando uma relação baseada na privação de direitos fundamentais.

Os fiscais de trabalho que atuaram na operação de resgate identificaram claramente uma situação de dependência forçada e intimidações frequentes que impediam a mulher de denunciar os abusos ou tentar romper o vínculo empregatício.

Ação do Ministério Público do Trabalho e responsabilidades dos empregadores

Embora os empregadores não tenham efetuado o pagamento das verbas rescisórias, firmaram um acordo com o Ministério Público do Trabalho, reconhecendo o vínculo empregatício desde 1989. Eles também assumiram o compromisso de pagar indenizações por danos morais e materiais, como forma de reparação.

Além das consequências civis, os responsáveis poderão ser processados criminalmente, conforme o andamento das investigações. O caso expõe um grave problema ainda existente em setores informais e domésticos no Brasil, onde trabalhadores vulneráveis são submetidos a condições análogas à escravidão.

Como denunciar trabalho análogo à escravidão e a importância da conscientização

O Ministério do Trabalho reforça que a sociedade pode colaborar no combate a esse tipo de exploração. Qualquer pessoa, de forma anônima e segura, pode fazer a denúncia pelo Sistema Ipê, plataforma online criada em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) desde 2020.

Também é possível ligar para o Disque 100, canal gratuito, anônimo e ativo 24 horas por dia, que recebe denúncias relacionadas a violações de direitos humanos, incluindo o trabalho análogo à escravidão. Além da ligação, o serviço disponibiliza atendimento via WhatsApp, Telegram e videochamada em Libras, ampliando o acesso e facilitando os relatos.

Este caso no Recife chama atenção para a necessidade urgente de ampliar a fiscalização, a conscientização pública e a proteção dos trabalhadores domésticos, que ainda enfrentam situações de vulnerabilidade extrema no Brasil. O compromisso social e institucional é fundamental para evitar que histórias como essa se repitam.

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