Crise Financeira dos Correios agrava tensão para pagamento de benefícios trabalhistas
A situação financeira dos Correios se apresenta cada vez mais delicada, com impacto direto sobre os direitos dos seus trabalhadores. Durante audiência realizada no Tribunal Superior do Trabalho (TST) na última quinta-feira (11), o superintendente-executivo de Gestão de Pessoas da estatal, Alexandre Martins Vidor, afirmou que a empresa não terá recursos para pagar o 13º salário deste ano.
Além disso, a diretora de Gestão de Pessoas, Natália Teles da Mota, revelou que a companhia também não tem condições de arcar com a folha salarial de dezembro, que ultrapassa R$ 1 bilhão. Segundo dados do sindicato da categoria, embora a primeira parcela do 13º tenha sido paga em 28 de novembro, a segunda está prevista para ser quitada até esta sexta-feira, dia 19, o que se mostra incerto diante da atual crise.
Negociações e busca por apoio federal para evitar colapso
Frente a este cenário grave, os Correios acumulam um prejuízo de R$ 6 bilhões até setembro de 2024, contabilizando treze trimestres consecutivos em déficit financeiro. Essa crise tem levado a estatal a buscar apoio do governo federal para viabilizar empréstimos e garantir o pagamento de suas obrigações.
Em manifestação pública, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o governo pode injetar recursos públicos na empresa para impedir o colapso. Haddad afirmou que “estamos pensando em fazer aporte, se necessário, pelo arcabouço. Temos margem nesse ano e poderíamos fazer”. Contudo, ressaltou que eventual aporte direto dependeria de aprovação legislativa.
Reações e esclarecimentos da empresa e dos sindicatos
Um vídeo com trechos da reunião no TST tem circulado entre os trabalhadores dos Correios, contendo as declarações sobre a falta de recursos para os pagamentos. Procurada, a empresa destacou que não há, até o momento, suspensão de qualquer obrigação trabalhista e que o processo de negociação para o Plano de Reestruturação e o Acordo Coletivo de Trabalho está em andamento, sendo tratado com responsabilidade institucional.
Os sindicatos da categoria, como a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect) e a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores da empresa (Findect), participaram da audiência no TST, mas não responderam aos pedidos de posicionamento até a publicação desta reportagem.
Alerta para maior controle e acompanhamento das estatais
A crise da estatal também levou autoridades a alertar para a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso das finanças e da gestão das empresas públicas. O secretário da Fazenda indicou que a situação está “muito ruim”, acendendo um sinal vermelho para intervenções estratégicas.
Diante desse quadro, a população, os trabalhadores e o governo acompanham atentamente os desdobramentos da crise nos Correios, que refletem não só na esfera trabalhista, mas também na oferta dos serviços públicos essenciais relacionados às comunicações no Brasil.

