Entenda a importância de impor limites no trabalho para proteger sua saúde mental
No ambiente profissional atual, onde a pressão e as longas jornadas são cada vez mais comuns, saber impor limites torna-se essencial para preservar a saúde mental e evitar o desgaste conhecido como burnout. Segundo especialistas consultados, a forma como expressamos esses limites pode fazer toda a diferença na reação de chefes e colegas, e consequentemente, na qualidade de vida do trabalhador.
Por que dizer “eu não quero” é mais eficaz que “eu não posso”?
Helen Tupper, coach de carreira e cofundadora da Squiggly Careers, destaca que uma mudança simples na linguagem pode fortalecer os limites no trabalho. Enquanto a expressão “eu não posso” abre espaço para negociação e tentativas de convencimento, a frase “eu não quero” é mais definitiva e difícil de contestar. A coach recomenda usar essa afirmação com clareza, como em exemplos do tipo: “não participo de reuniões após as 17h de quarta-feira, porque busco meus filhos nesse horário”.
O exemplo real do esgotamento e a superação
A modelo e chef de TV Lorraine Pascale compartilha sua experiência com o burnout, resultado da dificuldade em dizer “não”. Com uma carreira multifacetada na televisão, confeitaria e livros de culinária, além das responsabilidades familiares, ela relata que o aperto no peito e o cansaço extremo foram apenas parte dos sintomas, acompanhados por forte autocrítica e culpa.
Após o esgotamento, Pascale precisou se afastar da cozinha e buscar terapia, descobrindo raízes profundas em sua infância. Desde então, passou a estudar psicologia e adotou uma rotina mais intencional no trabalho, mostrando que reconhecer limites é fundamental para a saúde física e emocional.
Burnout: sinais, estatísticas e como lidar
Dados recentes indicam que 9 em cada 10 trabalhadores enfrentaram níveis elevados ou extremos de estresse no último ano. No Brasil, o número de afastamentos por burnout mais que dobrou na última década, com 421 casos registrados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2023, contra 178 em 2019, um aumento de 136%. Esses números refletem a urgência de estratégias para prevenir o esgotamento profissional.
Claire Ashley, autora de “The Burnout Doctor”, ressalta que é necessário avaliar constantemente se os objetivos pessoais são compatíveis com a capacidade mental e emocional no momento. Manter uma rotina rígida para encerrar o trabalho no horário é importante para que o cérebro complete o “ciclo do estresse” e aproveite o tempo livre adequadamente.
Estabelecendo limites mesmo em ambientes desafiadores
Nem sempre é fácil dizer “não”, especialmente em estruturas corporativas hierarquizadas. O psiquiatra britânico Richard Duggins aconselha que o diálogo com chefes é fundamental e que a maioria dos empregadores está aberta a ajustes quando percebe que isso evita o burnout e melhora o ambiente de trabalho.
Seja por meio do pedido de ajuda, da redução da carga ou da flexibilização de horários, estabelecer limites é um ato de proteção pessoal. Caso o ambiente não favoreça essas mudanças, a saída pode ser buscar novas oportunidades que respeitem seu equilíbrio.
Por fim, como destaca Tupper, é importante celebrar suas conquistas individuais e evitar comparações constantes. Pascale sintetiza bem: “ser ambicioso é algo bonito, mas aprenda a dizer não com mais frequência”. Assim, é possível alcançar sucesso sem sacrificar a saúde emocional.

