Entenda a decisão do Nubank e os efeitos para os colaboradores
O Nubank anunciou recentemente que vai encerrar o modelo de trabalho remoto que vigorava na instituição, adotando um regime híbrido que exigirá o retorno progressivo ao escritório. A mudança, que será implementada em etapas até janeiro de 2027, prevê inicialmente dois dias presenciais por semana para cerca de 70% dos funcionários, aumentando para três dias a partir do ano seguinte. Antes, a exigência era de apenas uma semana presencial por trimestre.
Essa transição foi acompanhada de impactos imediatos na equipe: no dia do anúncio, 12 colaboradores foram demitidos por justa causa. Segundo relatos e manifestações de funcionários, a alteração na política trabalhista tem causado apreensão, principalmente entre aqueles que se organizaram para trabalhar de forma integralmente remota, inclusive mudando de cidade ou firmando contratos imobiliários.
Reações e mobilização dos funcionários
Funcionários do Nubank divulgaram um manifesto na última quarta-feira (12), expressando insatisfação e apontando os desafios trazidos pela mudança. Muitos receberam cargos na fintech justamente pelo regime de home office e organizaram sua vida pessoal, familiar e financeira em outras cidades. O retorno presencial, conforme informado, pode dificultar o equilíbrio entre trabalho e cuidados com filhos, idosos ou pessoas com deficiência, o que aumenta o impacto especialmente para esses colaboradores.
A plenária virtual promovida pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que reuniu quase 300 participantes, foi palco para críticas quanto à comunicação da decisão, falta de diálogo e preocupações sobre possíveis demissões por justa causa. A mobilização do grupo tem como um dos pontos centrais a reversão da exigência do retorno e a transparência nos processos para concessão de exceções à regra presencial.
Impactos das demissões e situação atual dos trabalhadores
Os funcionários afirmam que as demissões recentes afetaram principalmente integrantes de grupos minorizados, o que agravou a insatisfação e a sensação de insegurança dentro da empresa. Ao todo, 14 colaboradores foram desligados, número que vem sendo contestado e associado a uma resposta dura da empresa frente às manifestações contrárias à mudança.
Outro ponto levantado é que o formulário para pedir exceções ao modelo presencial está disponível apenas para funções de certo nível de senioridade e não para todas as áreas, o que cria desigualdade no acesso a flexibilizações. Ademais, há reclamações sobre advertências e punições aplicadas após manifestações de resistência, motivo pelo qual os trabalhadores exigem a suspensão dessas medidas e a reintegração dos demitidos como condição para abrir negociações formais.
Posicionamento oficial do Nubank e próximos passos
Em nota oficial enviada ao g1, o Nubank afirmou que mantém “canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito ou violações de conduta” e que “não comenta casos individuais de desligamento”. Sobre a transição para o modelo híbrido, reforçou que a medida foi planejada para aliar o melhor do trabalho presencial e remoto, com implementação gradual, visando fortalecer a cultura, aumentar a colaboração e acelerar a inovação.
O banco destacou ainda que oferecerá suporte para realocação dos colaboradores e que está avaliando exceções para casos específicos, além de investir em novas estruturas no Brasil e no exterior. Segundo a instituição, “o período de transição permitirá ajustes individuais antes da implementação completa” e que o feedback dos funcionários continua sendo considerado.
Por sua vez, o Sindicato dos Bancários e Financiários orientou que os trabalhadores registrem denúncias formalmente e anunciou o agendamento de uma nova reunião com a direção do Nubank para o dia 19 de novembro. Caso não haja avanços, há a possibilidade de abertura de ações judiciais e busca de mediação junto a órgãos públicos.
Esses desdobramentos indicam que o fim do trabalho remoto no Nubank deverá seguir como tema central de debates e mobilização entre colaboradores, sindicatos e a direção da empresa nas próximas semanas, com potencial impacto não só interno, mas também na percepção do mercado sobre as práticas da fintech.
